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terça-feira, 5 de julho de 2011

2a. SEMANA - EPILEPSIA: PERSPECTIVA PSICOSSOCIAL E A INTERAÇÃO COM A SOCIEDADE

EPILEPSIA NAS DIFERENTES FASES DA VIDA:
INFÂNCIA, ADOLESCÊNCIA E FASE ADULTA
Prof. Paula Fernandes


Diante de um  diagnóstico de epilepsia há uma  alteração no status social do paciente, e isto pode causar preocupação, confusão, e tristeza.
Alguns questionamentos são levantados, pois teme-se o que pode acontecer, como vai ficar a vida a partir deste momento. Existem ainda, mesmo nos dias atuais, muitas informações errôneas sobre a epilepsia, que podem levar a revolta e maus comportamentos. Tais reações são normais, mas podem influenciar o modo de viver e de se relacionar com as pessoas.
INFÂNCIA
Quando o diagnóstico da epilepsia ocorre na infância, é de extrema importância que os pais e a escola estejam muito envolvidos em todo este processo, pois a criança está no período de aquisição e desenvolvimento de habilidades e competências sociais, cognitivas e acadêmicas. Qualquer prejuízo nesta fase acarretará em problemas acadêmicos, interpessoais e emocionais.
Desta forma é importante o envolvimento familiar e da escola no processo, para que os prejuízos não sejam maiores.
A criança está num processo de construção, então, quanto mais positivos o comportamento dos pais diante do diagnóstico e das crises de epilepsia, mais as crianças terão sentimentos e comportamentos adequados.

Na infância, as relações que os pais estabelecem é muito importante, pois ter clareza do que pode ou não é necessário para saber como agir em diversas situações. A rejeição familiar ou a permissividade excessiva prejudicam a formação da criança, pois ela não sabe o que pode, o que deve fazer, quem é, tendo assim uma lacuna no seu desenvolvimento psicológico.
Existe uma grande dúvida se as crianças com crises de epilepsia podem frequentar uma escola regular, e esta dúvida está relacionada ao desempenho escola, interação social e a própria doença. É importante que professores, coordenação, e todos da escola saibam que a criança tem crises de epilepsia, para saberem como lidar em caso de uma ocorrência de crise.


ADOLESCÊNCIA
A adolescência é uma fase de mudanças e questionamentos, o adolescente está em busca de novidade, identificação social e sexual, e é um preparo para a maturidade. Neste sentido as crises de epilepsia podem influenciar a vida do adolescente, a independência e autonomia, os relacionamentos sociais, os estudos e futuro, a autoestima e humor e as restrições de atividades.
O adolescente quer autonomia, independência e desejo social, porém ele tem que conviver com a falta de controle das crises, com o uso constante de medicamentos e quer a aprovação do grupo. Todos estes fatores fazem com que o adolescente tenda a se isolar, se revolte, se coloque no papel de vítima e não se aceite.
Entender a doença e lidar com ela de forma correta, possibilita ao adolescente maior qualidade de vida.

FASE ADULTA
Na fase adulta, descobrir que tem epilepsia influencia negativamente no emprego e nas relações sociais. Começa a ter conflitos familiares e sociais, muito decorrentes de problemas financeiros.

No aspecto profissional, sobem as taxas de desemprego e subemprego e diminuem as chances de qualificação escolar e de poder trabalhar.
No aspecto social, as crises em eventos sociais, são mais problemáticos os significados que as pessoas atribuem do que realmente é. Com isso se tem baixo índice de casamento.
Independente da fase em que se tem o diagnóstico da epilepsia é possível se ter uma vida com qualidade.


TRANSTORNOS COMPORTAMENTAIS E EPILEPSIA
Prof. Paula Fernandes 

Principais transtornos comportamentais que ocorrem normalmente junto à epilepsia:
§  Birra;
§  Irritação;
§  Explosividade;
§  Agressividade;
§  Instabilidade de humor, variância;
§  Dificuldade de relacionamentos sociais;
§  Hiperemotividade, maior sensibilidade;
§  Dependência afetiva;
§  Depressão;
§  Psicoses;
§  Agitação;
§  Falta de atenção;
§  Hiperatividade infantil;
§  Aumento ou diminuição de libido;
§  Viscosidade;
§  Medo;
Estes comportamentos não são específicos de pessoas com crises de epilepsia, porém com ela a frequência pode ser maior.
Com relação ao comportamento de crianças com crises de epilepsia, o professor precisa identificar o sofrimento do aluno, interagir com a família, colher dados importantes que possam auxiliar no trabalho docente.
Abrir rodas de discussão sobre temas relacionados aos comportamentos, não é expor a criança, mas discutir sobre a problemática. O professor precisa ter muita paciência e calma, intervir e expor os limites, e principalmente não se deixar contaminar pelo comportamento inadequado, oferecendo sempre modelos corretos. Sempre depois de um evento em sala de aula, conversar com todos os alunos.
A depressão é um transtorno comportamental/psiquiátrico muito comum na epilepsia, com prevalência de 20 a 55% nos pacientes com crises recorrentes. Em clínicas de especializadas em epilepsia, chega até 72%.
Quando se trata de epilepsia no lobo temporal, no sistema límbico, a depressão aparece entre 19 e 65% dos casos

Os tipos mais comuns de depressão na epilepsia são:
-Depressão crônica leve, com sintomas intermitentes e variáveis como: ansiedade, irritabilidade, hostilidade, sintomas melancólicos.
-Crises parciais complexas, que é um transtorno depressivo maior.
*Os fatores desencadeantes da depressão na epilepsia podem ser:
·         Própria epilepsia (freqüência de crises, gravidade,...);
·         Discriminação e estigma;
·         Desemprego/ dificuldades escolares;
·         Exclusão social;
·         Poucas relações afetivas;

Os comportamentos mais comuns que podem ser observados em sala de aula são: tristeza, irritabilidade, isolamento, falta de atenção, não participação nas atividades propostas, baixa tolerância à frustração, baixo rendimento escolar.
O diagnóstico é sempre feito por um especialista, mas o professor precisa sempre estar atento aos alunos, para poder conversar com a família, e verificar se realmente a crianças esta precisando de outro  acompanhamento.
Não se pretende somente tratar a epilepsia ou a depressão, mas sim inserir as pessoas na sociedade de forma completa, e provar que é possível ter uma qualidade de vida social e psicológica mesmos com crises de epilepsia.

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