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domingo, 10 de julho de 2011

3a. SEMANA - EPILEPSIA: PERSPECTIVA PSICOSSOCIAL E A INTERAÇÃO COM A SOCIEDADE

TRANSTORNOS COGNITIVOS E EPILEPSIA
Prof. Li Li Min

O tema “transtornos cognitivos” é um tema bastante desafiador, especialmente no âmbito educacional.

É complicado até para quem lida diretamente dos transtornos, pois suas causas podem ser  Multifatoriais, levando assim a transtornos cognitivos :

·         Lesão estrutural (apresentado por alguns pacientes com crises de epilepsia)
·         Funcional: disfunção do tecido cerebral por crises (ainda um pouco incerto)
·         Efeito toxico-medicamentoso (especialmente nas epilepsias de difícil controle e politerapia, atua junto à atividade neuronal, é possível ocasionar efeitos colaterais)
·         Fatores psicossociais (que tipo de ambiente a pessoa com crises de epilepsia está inserido)
De maneira geral, quais são os transtornos mais comuns em sala de aula?

ü  Aprendizagem/ dificuldade de memorização?
ü  Dificuldade na linguagem?
ü  Planejamento das atividades/ raciocínio lógico?
ü  OU o professor vive uma combinação de todas estas características?

O QUE PODE CAUSAR INFLUÊNCIA:
·         Atenção, dificuldade para focar uma atividade ou manter-se por um tempo prolongado
·         Memória
·         Aprendizagem
·         Linguagem
·         Funções executivas, com alterações de raciocínio lógico, planejamento, flexibilidade
O professor tem o desafio, não de diagnosticar, mas atentar-se às limitações e tentar adequar o processo ensino aprendizagem às dificuldades apresentadas pelos alunos.

Aprendizagem: O aluno lê, vivencia e precisa lembrar do conteúdo ( Atenção), precisa ser RETIDO na memória, facilidade em RETOMAR o conteúdo aprendido que é conseguido através de exercícios. Porém para uma boa memorização é necessário também uma boa noite de sono.

APRENDIZAGEM !!
Aprendemos a vida toda.

Se a criança não aprende conclui-se então que:

A criança não está com a atenção necessária, ou ainda
O conteúdo não lhe está parecendo interessante o suficiente.
Quando o conhecimento é cobrado, se faz de forma a possibilitar que o aluno reflita sobre o conteúdo aprendido?
Há qualidade no sono
Medicamentos interferem na atividade neuronal deste aluno?

Há necessidade de sempre rever o contexto das dificuldades dos alunos em sala.
Trabalhar em conjunto e levantando informações junto à família...

Alguns aspectos são interessantes para se traçar estratégias possíveis visando um melhor desenvolvimento geral em sala de aula.

Fatores Desencadeantes/ Agravantes  no caso de crianças e jovens com crises de epilepsia:

·         Tipo de epilepsia
·         Frequência das crises
·         Idade de início
·         Duração das crises de epilepsia
·         Ação das drogas anti convulsivas - O docente pode observar alterações de comportamento ou reações como lentidão, sonolência, agitação... nem sempre observadas pelos pais
·         Crises de epilepsia generalizada com início precoce, geralmente ocasionam  freqüência de crises, levam a maiores déficits.

São fatores que podem agravar certos problemas neurológicos relacionados ao processo de aprendizagem.

O professor NÃO deve desistir do aluno. Entende-se a complicação da dinâmica escolar, quantidade de alunos, cumprimento de prazos, etc. Porém, um professor realmente comprometido, deve ao menos tentar direcionar uma dinâmica diferente frente às necessidades de alguns alunos.

A epilepsia pode levar a um retardo mental?

Estudos epidemiológicos populacionais apontam a prevalência de transtornos mentais de 28,6% para crianças com crises de epilepsia, subindo para 58,3% quando associada a outros transtornos neurológicos (Rutter et al., 1970) e de 19% a 52% em adultos.
Considerando a estimativa de 1.800,000 de pessoas com crises de epilepsia ativa(estimativa de 1% de prevalência pontual), pode-se estimar algo entre 340.000 e 900.000 pessoas com crise de epilepsia e algum transtorno mental associado no Brasil.
Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rpc/v32n3/a09v32n3.pdf  Ultimo acesso em 09/07/2011

EPILEPSIA NA ESCOLA
Prof. Paula Fernandes



COMO AS CRIANÇAS PERCEBEM AS CRISES DE EPILEPSIA NA ESCOLA?

Foi feita uma pesquisa com 29 crianças com 10 anos de idade:

Quatro crianças (13,8%) disseram saber o que é epilepsia
75% consideraram uma doença que enrola a língua
25% disseram ser uma doença que poderia matar

25 crianças não sabiam o que era epilepsia.

Então foi pedido para que colocassem no papel o que ACHAVAM que seria a epilepsia:


24% Doença que pode matar              Maior percepção
16% Doença que enrola a língua

16% Doença contagiosa
12% Doença
8% Doença grave
4% Problema na cabeça

Notou-se através de tal estudo que há:

ü  Informações erradas e crenças
ü  Percepção das crianças: conotação negativa
ü  Sentimento coletivo: Comunidade
ü  Respostas espontâneas e sem julgamento ou censura; consciência coletiva sobre o preconceito da epilepsia
Como estas crianças estão obtendo informações, percepções sobre a epilepsia? E os professores? Como os professores percebem a epilepsia?

É através da atitude docente que se influencia certas posturas éticas, suas atitudes podem influenciar o desempenho e os comportamentos das crianças.

O papel social do professor na formação do ser humano é FUNDAMENTAL!         

Tem-se notado dentre diversas pesquisas em núcleos de apoio a pessoas com crises de epilepsia e suas famílias, as seguintes percepções docentes:

Ø  Possuem QI mais baixo
Ø  Excesso de sofrimento é a causa da epilepsia
Ø  Mulheres com crises de epilepsia não podem ter filhos
Ø  Pessoas com crises de epilepsia serão insanas no futuro
Ø  O medicamento causa vício e dependência
Ø  Tratamento da epilepsia
Ø  Epilepsia como doença mental
Ø  Epilepsia como um espírito malígno
Qual é a postura do professor (o que fazer?) quando:

A FAMÍLIA DIZ QUE O FILHO TEM CRISES DE EPILEPSIA?
QUANDO UM ALUNO TEM UMA CRISE EM SALA DE AULA?
E quais são os PRÓXIMOS PASSOS?

Alguns alunos são convidados a se retirarem da escola, pois a mesma não tem CONHECIMENTO, NÃO SABE COMO LIDAR COM A SITUAÇÃO, e este é o peso do estigma para uma criança que tem crises de epilepsia.

O professor deve:
*Interagir e colher informações com os pais
*Conversar com a classe sobre o assunto, colocar como tema, trabalhar conceitos de cidadania e solidariedade

O QUE NÃO FAZER
Não tenha medo, a saliva da pessoa com crise de epilepsia NÃO é contagiosa
Não existe risco da pessoa engolir a língua
Não colocar NADA na boca da pessoa
Não dê álcool para a pessoa cheirar
Não jogue água, nem bata no rosto da pessoa
O QUE FAZER
Tenha MUITA calma
Fique junto com a pessoa
Tire de perto TUDO que ofereça perigo
Virar a cabeça da pessoa de lado, se possível seu corpo
Coloque algo macio sob sua cabeça
Esperar a crise passar
Depois que ela estiver consciente, explicar-lhe que teve uma crise
· A crise dura uma média de 1 a 2 minutos, e tem começo, meio e fim. Se durar mais de 5 minutos esta pessoa precisa ser hospitalizada. Quando a crise durar um tempo maior, estiver se debatendo por mais de 5 minutos ou uma crise após a outra, é necessário chamar atendimento urgente para tomar medicamento para reverter o estado de mal epilético.

A rejeição, o isolamento, tratar como algo anormal NÃO é a melhor alternativa.

Perguntar para os pais se há alguma restrição mais específica, se há outras comorbidades ou se o medicamento causa reações adversas... Senão a criança com crises de epilepsia pode fazer as atividades junto aos outros normalmente, com condições semelhantes aos outros, tais como atividades físicas, tarefas, explicações (talvez precise de uma explicação extra, mas não é sempre).

Algumas considerações importantes aos professores e demais funcionários da escola:

v  Atenção ao horário das medicações, para não ficar sem tomar se precisar durante as aulas
v  Atenção à presença de comorbidades
v  Telefones de contatos em casos emergenciais
v  Os colegas de classe são os melhores companheiros nestas horas, são aliados e podem ajudar nos momentos de crises, além de contribuírem para que a pessoa com crise de epilepsia não se sinta desajustada frente ao grupo (verificar alunos mais solícitos)
v  Os auxiliares da escola também precisam estar cientes da situação e dos procedimentos necessários
v  As crises podem ocorrer a qualquer momento e em qualquer local, como banheiro, portaria, pátio, etc... Por isso que é importante a participação ativa e conhecimento de todos.


IMPORTANTE…

Ø  O aluno com crises de epilepsia devem se sentir aceito e parte integrante da escola
Ø  Quanto mais aceito for, melhores suas chances de ter um desenvolvimento plen
Ø  Melhoria também em sua aprendizagem, e dos demais alunos sobre o respeito e as diferenças, assim como a generosidade e solidariedade para com os demais, independente das suas condições físicas, psíquicas, ou neurológicas
Ø  Saber mais sobre a epilepsia e os procedimentos adequados
Ø  Cabe-lhe uma formação e uma postura ética, desmistificar crenças, reduzir estigmas e preconceitos
Ø  Um professor capacitado amplia a rede de informações sobre epilepsia e os valores éticos a seus alunos, as famílias e comunidade em geral


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