EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA E DIREITOS HUMANOS
Prof. Ana Maria Klein
UNESCO
A Educação Comunitária surge relacionada a um contexto informal, somente a partir da década de 80, e intensificada na década de 90 que a educação comunitária associada e concebida como educação formal, escolar.
No contexto escolar se caracteriza pela democratização do espaço e das relações, da participação de todos os envolvidos, da melhoria de qualidade da educação.
O objetivo da educação comunitária é prezar para que haja o desenvolvimento, formar um “sujeito coletivo”, isto é, de sujeitos que se compreendam em meio à coletividade, que se tornem co-responsáveis pelas ações, relações, conflitos e decisões que ocorrem na comunidade. É um comprometimento com o contexto que se está inserido.
Paulo Freire faz uma aproximação de como o aprendizado se faz em forma conjunta com a sociedade:
“Aprender na comunidade, com ela e para ela, significa usar a história da sua própria região, exteriorizando a cultura do silencia. Significa aprender a engajar-se na sua própria região, tornando-se consciente da situação sócio-política e lutando para que as sociedades fechadas sejam transformadas em sociedades abertas... é uma questão de urgência que as escolas se tornem menos fechadas, menos elitistas, menos autoritárias, menos distanciadas da população em geral. Isso é para a educação comunitária uma questão de fundamental importância” (Freire, 1995: 12-13).
Os estudantes precisam interagir dentro da comunidade, interagindo com ela e aprendendo a ser cidadão, tendo os problemas da comunidade como objetos de discussão e desenvolvimento, articulando o que se aprende na escola, com o que é vivenciado no dia a dia.
Existem diversos contextos educativos na Educação Comunitária, considerando e privilegiando espaços vivenciais a todos, tais como a escola, cidade, comunidade, família, etc.
Dentro das escolas associa-se as “matérias escolares” à assuntos de responsabilidade de todos, além dos muros escolares.
Trilla (1993) trabalha considerando três dimensões possíveis para a relação educação-cidade:
1. APRENDER NA CIDADE: Lócus da educação a própria cidade, assim como todas as instituições nela inseridas como parques, museus, ong’s... Todos estes podem ser espaços educativos.
2. APRENDER DA CIDADE: Agente informal. Convivendo-se em comunidade aprende-se coisas boas e ruins. Neste sentido é primordial uma análise crítica para saber o que é apropriado ou não visando uma sociedade e uma convivência mais justa, democrática e analítica.
3. APRENDER A CIDADE: Conhecer a cidade, saber dos seus potenciais, causar uma troca entre a cidade e o que o cidadão pode fazer para alterar algumas questões que necessitem de mudança.
Mapear os entornos:
O mapear tem por função descobrir locais potenciais (organizações, instituições, pessoas...) onde há possibilidade de contribuição.
Quem são as pessoas que podem contribuir? Por exemplo, agentes de saúde...
Porque este local é potencialmente parceiro? Qual é o benefício com relação à ampliação de desenvolvimento?
Estender a aprendizagem além da escola.
Trilhas Educativas: Olhares orientados por temas específicos.
Duplo caráter – Intencionalidade e objetividade
Caráter Caleidoscópio : perceber a necessidade da comunidade através do olhar do outro
Projetos transversais e interdisciplinares: O tema da trilha consegue fazer a articulação entre um tema comunitário e um tema dentro da escola (por exemplo, um estudo sobre o lazer, relacionando a acessibilidade no bairro, como as outras pessoas vêem, se existem momentos de lazer na escola, etc.
Matemática: tabulação de dados
Etc...
Perspectiva de problematização, mobilização, conscientização e uma possível ação.
A finalidade é trazer a temática de fora para dentro da escola, problematizando e buscando soluções de formas ativas, buscando formas de reivindicação de direitos.
DIREITOS HUMANOS: DIREITO DE TODOS SEM DISTINÇÃO NENHUMA
Uma democracia só existe se tivermos como base a igualdade, a liberdade e a solidariedade . Fazer VALER estes direitos!
DIREITOS HUMANOS NA ESCOLA: refletem em conhecimentos, valores, ações necessárias para uma formação cidadã e democrática, visando o desenvolvimento integral do ser humano.
PROJETOS E DISCUSSÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
· Declaração Universal dos Direitos Humanos-DUDH (ONU, 1948);
· Direitos Sociais, Econômicos e Culturais;
· Direito das Crianças e Adolescentes (ECA);
· Discriminação Racial
· Discriminação contra a mulher
· Direitos relacionados à Educação;
· Gênero e orientação sexual na educação
Conhecer os direitos e fazer com que estes sejam respeitados é primordial !
DEMOCRACIA E EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
Prof. Ana Maria Klein
UNESCO
Dewey trabalhou muito a democracia e educação, associa a democracia a um modo de vida. Dentro da escola a democracia deve envolver toda a organização e relações escolares.
“Temos de ver que a democracia significa a crença de que deve prevalecer a cultura humanística; devemos ser francos e claros em nosso reconhecimento de que a proposição é uma proposição moral, como qualquer idéia referente a dever ser. A democracia se expressa nas atividades dos seres humanos e se mede pelas consequencias produzidas em suas vidas”. (Dewey, 1970: 212-213)
Não significa simplesmente o direito ao voto, mas os relacionamentos humanos e disposições internas, fazendo com que as pessoas ajam democraticamente, eticamente.
Todas as relações que tem espaço no ambiente escolar devem ser responsáveis, visando autonomia e responsabilidade por parte dos professores e alunos, de forma coerente entre a ação e o discurso.
Trabalhar em um ambiente democrático é ter responsabilidade, tomar parte das decisões, ser ativo, assumir atitudes, etc, É importante possibilitar esta experiência aos alunos.
Conhecer os Direitos Democráticos e os Direitos Humanos, para que todos possam cobrar e ter seus direitos preservados e vivenciados.
Não posso agir com autoridade e falar sobre democracia e autonomia!
EDUCAÇÃO/PRÁTICA E DIREITOS HUMANOS ESTÃO SEMPRE JUNTOS, SEM EDUCAÇÃO OS OUTROS DIREITOS NÃO SE REALIZAM!
Brasil – Educação em Direitos Humanos é um compromisso assumido internacionalmente ao ratificar a Declaração Universal dos Direitos Humanos, DUDH (1948) e as convenções, declarações e tratados subseqüentes.
Práticas Efetivas
· ONU, 1995 – Déc. Das Nações Unidas para Educação em matéria de Direitos Humanos
· ONU, 2004 – Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou o Programa Mundial para Educação em Direitos Humanos PMEDH –fase 1 (2005 a 2009)
· Brasil, 2003 – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH), elaborado em 2003 e revisto em 2006, afirma o compromisso nacional sob a forma de políticas públicas com a EDH.
A Educação em Direitos Humanos visa a formação de sujeitos que tenham o conhecimento sobre seus direitos, não reparando a violação dos direitos, mas a prevenção para que os mesmos não sejam violados.
CINCO DIMENSÕES EDH:
1. Apreensão de conhecimentos sobre DH e a sua relação com os contextos internacionais, nacionais e locais;
2. Afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos Direitos Humanos;
3. Formação de uma consciência cidadã;
4. Desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados;
5. Fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e instrumentos em favor da promoção, da proteção e da defesa dos Direitos Humanos, bem como da reparação das violações.
A Educação em Direitos Humanos é promovida em 3 campos:
Epistemológico: Conhecimento e habilidades – conhecer os Direitos Humanos e os mecanismos existentes para a sua proteção, assim como desenvolver habilidades para aplicá-los no dia a dia;
Axiológico: Valores, atitudes e comportamentos que sustentem os Direitos Humanos;
Práxis: Desencadear ações para a defesa e promoção dos Direitos Humanos.
Conteúdos da educação em Direitos Humanos:
· Maxiconteúdos
· Intermediários
· Miniconteúdos
Dimensão didático-pedagógica
· Pluridisciplinaridade- O objeto de uma disciplina é estudado através do ângulo de outras disciplinas
· Transdisciplinaridade – Aquilo que transcende a disciplina, o conteúdo, relacionando-o com a realidade além da escola, relação entre parte e todo
· Interdisciplinaridade – Integração de vários conhecimentos, por exemplo Meio Ambiente, Direitos Humanos, etc. Só consigo estudar com o aporte de várias disciplinas.
Dimensão Epistemológica do conhecimento:
Transversalidade – Forma de organizar o trabalho na qual temas ou eixos temáticos abordados em todas as disciplinas, favorece ou possibilita que os alunos aprendam as matérias articuladas à realidade social, transcendendo o limite das disciplinas, articulando os conhecimentos e situações cotidianas aos conhecimentos da escola, sem precisar criar uma nova matéria.
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